domingo, 22 de janeiro de 2012

Viciados em Sexo

Já dizia Freud que o cérebro humano pensa em sexo a cada 30 segundos. Inconscientemente, é claro. A natureza, sábia como sempre, deu um jeito dos humanos sublimarem esses estímulos e canalizarem os mesmos para "as horas certas". Mas muitas vezes esse mecanismo sai dos trilhos e o desejo sexual torna-se imperioso. E aí começa uma fase não muito legal para o indivíduo.
Os viciados em sexo, vítimas da ninfomania (no caso feminino) e da satiríase (no caso masculino), sofrem de hiperatividade sexual. Mas, afinal, o que caracteriza esse vício? Quando se pode afirmar que a pessoa está dominada pelo tesão?

"Pra mim, um viciado em sexo é aquele que não tem hora nem local exatos pra transar. Se der vontade e puder fazer, ele faz. Sou assim quando estou namorando, seja com homem ou com mulher", diz Milton*, 21, que se define como bissexual e que tem um diferencial: sua frequência acelerada de sexo só acontece quando ele está comprometido.

"Solteiro eu faço uma vez por mês e olhe lá. Mas é por falta de opção, porque comecei a selecionar melhor as pessoas pra me relacionar", descreve. "Mas quando estou namorando com alguém, um relacionamento sério, daí tem que ser umas duas ou três vezes por dia. No mínimo!", frisa Milton.
Não é o que costuma acontecer com os viciados clássicos. Fernando*, 32, relata o contrário: quando namora, faz sexo duas vezes por semana em média, e quando está solteiro sai em busca de transas anônimas a torto e a direito.

"Nas fases em que me sinto mais viciado, costumo sair para caçar direto", conta ele. "Ou saio depois de baladas, já bêbado, bem descontrolado, pra conseguir sexo, ou então já saio desde o início da noite direto para essa finalidade", explica.

E, às vezes, relata ele, nem sai de casa, e acaba ficando na masturbação compulsiva. "Já passei madrugadas em casa, me masturbando tipo três, quatro vezes na internet", conta Fernando. "Dá preguiça de sair para caçar, e aí resolvo na punheta mesmo".
Mas, seja procurando sexo nas ruas ou na internet, quando a coisa se descontrola, o resultado é o mesmo: o vício pegou.

"Uma pessoa viciada em sexo apresenta baixo autocontrole quanto à atividade sexual, apresentando um comportamento de compulsão na busca insaciável do sexo, seja na masturbação, na busca de parcerias sexuais, ou na atividade masturbatória virtual, através de webcam e outro recursos", explica o psicólogo João Batista Pedrosa.

Em termos práticos: "Os critérios para uma avaliação comportamental do viciado em sexo ou da pessoa que sofre de Transtorno Sexual Hiperativo ou Desejo Sexual Hiperativo (DSH) são: alta atividade sexual, prejuízos sociais devido à compulsão sexual (faltar ao trabalho em busca de aventuras sexuais; passar horas na internet se masturbando, abandonando os afazeres domésticos e não se alimentando), prejuízos emocionais (não consegue uma parceria sexual fixa devido à busca insaciável por sexo)...", relata o psicólogo. "A perturbação causa acentuado sofrimento ou dificuldades no relacionamento interpessoal".


Quanto às causas, podem ser várias. "Pode ser um comportamento compulsivo, um problema de adição e dependência ao sexo, similar às adições de cocaína, crack, álcool, entre outros. Pode ter sua origem como uma doença, que apresenta alterações anormais na produção de substâncias neurais (neurotransmissores)", explica Pedrosa.

Para Fernando, a causa de ter chegado a esse ponto pode ser um trauma amoroso. Ou vários. "Eu perdi um pouco a esperança de viver um relacionamento legal e equilibrado, porque quebrei muito a cara", diz. "Chegou uma hora que eu pensei: 'vou ficar na pegação mesmo, no sexo, e pronto'. Aí acho que passei da conta e perdi a noção".

Nesse caso, qual seria o tratamento ou forma de voltar a um ritmo saudável e "normal" da vida sexual? O psicólogo Pedrosa, que é terapeuta sexual e analista do comportamento, responde: "Pode-se fazer uso de algumas medicações à base de hormônios para inibir o desejo sexual, além de medicação para baixar a ansiedade. A internação do paciente pode-se fazer necessária para contenção dos riscos. Em alguns casos só a psicoterapia não resolve. O tratamento medicamentoso é necessário e é definido pelo psiquiatra".
Mas nem todo viciado quer largar o vício. "Deus me livre me livrar de sexo!", diz Milton. "Sexo é vida (risos). Acho super normal gostar de fazer bastante".

Naturalmente, cabe a cada um fazer sua autoanálise para ver se esse "bastante" está dando mais prazer e realização do que sofrimento e frustração. Vale lembrar a máxima: menos é mais. Se bem que, em alguns casos, menos é menos e mais é mais, mesmo! * Os nomes foram alterados a pedido dos entrevistados.

Fonte: A Capa
Por: Luf Steffen

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