quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Enzimas da beleza

Essas proteínas ajudam a perder medidas e também melhoram a textura da pele. Aposte nelas para ficar ainda mais bonita.

1. Para reduzir medidas 
A aplicação subcutânea de medicamentos, também chamada de mesoterapia, é usada há mais de meio século pela medicina. Ainda assim, a injeção de enzimas é um tema controverso. Para eliminar pneuzinhos, uma mistura com diferentes tipos lipolíticos é injetada, com a ajuda de uma seringa. A composição age quebrando as células de gordura, que são excretadas naturalmente ou absorvidas pelo organismo. De acordo com o dermatologista Marcelo Bellini, o uso de enzimas é indicado para perder medidas e não para emagrecer. “O procedimento é eficaz para melhorar o contorno dos culotes, dos flancos, do abdome, da cintura, das coxas e das costas”, diz. “Gosto de associar as injeções de enzimas a aparelhos lipolíticos, como os de ultrassom, para otimizar os resultados.” As sessões são semanais e variam de cinco a 12. Os resultados aparecem a partir da segunda sessão.

As misturas de enzimas mais recentes são conhecidas como Thermoyalo, que combina cafeína, silício, tiratricol e outras substâncias que favorecem a perda de centímetros; Lipoderme, que concentra lipossomas; e Lipoayslim, à base de extrato de manga africana, elimina gordura localizada e combate também o excesso de gordura encontrada no sangue. Sendo assim, ajuda a reduzir o colesterol ruim e melhora os níveis de glicose sanguíneos.

A má fama desse tipo de procedimento se deve especialmente à fosfatidilcolina. Popularmente conhecida como Lipostabil, essa enzima foi usada indiscriminadamente nos anos 90 e começo da década de 2000 e era encontrada até mesmo em academias e salões de beleza. “Criou-se um mito de que era um milagre que fazia a gordura desaparecer rapidamente, o que não é verdade”, diz a dermatologista Patrícia Rittes, autora do livro Beleza sem cirurgia (Editora Senac). Em 2003, o Lipostabil foi proibido pela Anvisa. Ocorre que o princípio ativo era aprovado apenas para tratar doenças coronárias causadas pelo acúmulo de gordura nas artérias. O uso estético não contava com estudos científicos confiáveis e, quando mal aplicada, podia resultar em irregularidades de contorno, infecções, alergias.

As enzimas mais modernas ainda podem causar esses efeitos colaterais, porém o uso está mais controlado e restrito às clínicas. Como é um procedimento invasivo, deve ser feito por um médico de confiança. “Só ele saberá dosar a substância para que não ocorra uma maior absorção de gordura de um lado do que de outro”, diz a dermatologista Karla Assed, que também prefere aliar essa terapia a aparelhos de alta tecnologia. As contraindicações devem ser avaliadas caso a caso. A enzima Thermoyalo, por exemplo, não é recomendada para alérgicos a frutos do mar.

2. Para combater a má digestão 
Na nutrição, as enzimas são usadas para tratar problemas de digestão e intolerância a certos alimentos, como a lactose. Ambos os inconvenientes são causados por uma deficiência na produção dessas proteínas, que precisam ser repostas com suplementos. Além de desconforto gástrico, essas deficiências pioram a absorção de antioxidantes, vitaminas e minerais. Isso é péssimo, pois, sem os nutrientes que combatem os radicais livres, o processo de envelhecimento se acelera. “Há um mito de que as enzimas orais também queimam gorduras, mas elas apenas ajudam na digestão”, afirma o endocrinologista Filippo Pedrinola. As cápsulas não têm contraindicação, mas só vale a pena tomar quem de fato necessita. “Caso contrário, é como se você comesse algumas frutas a mais.”

Aqui no Brasil, não existem marcas que comercializem um mix de enzimas; elas precisam ser manipuladas ou importadas. Lá fora, há diversas versões: em pó, cápsulas, líquida, para mascar. Algumas delas vendem o benefício de um detox no organismo. De acordo com Pedrinola, elas são capazes, sim, de proporcionar essa ação. “Mas o termo detox é um pouco infeliz, porque ninguém se desintoxica rapidamente e apenas tomando comprimidos”, diz ele. A desintoxicação já é feita naturalmente e diariamente por órgãos como rins e fígado. “As enzimas ajudam a acelerar esse processo, mas de nada adianta tomar as cápsulas e não seguir uma dieta equilibrada e rica em alimentos desintoxicantes, como vegetais crus (as enzimas perdem seu efeito quando são aquecidas) e fibras. O poder dos alimentos ruins é bem maior do que as cápsulas de enzimas”, diz Pedrinola.

3. Para o rosto e o corpo 
Nos últimos anos, as enzimas foram incorporadas aos produtos de cuidados com a pele porque proporcionam potentes benefícios. Nas clínicas estéticas, é comum encontrar peelings enzimáticos, à base de papaína, que vem do mamão, ou bromelina, que vem do abacaxi. Menos agressivos do que os peelings que levam ácidos, podem ser usados até em peles mais sensíveis. Ao reduzir a camada de queratina do rosto, que contribui para dar a sensação de aspereza, ilumina e favorece a penetração dos ingredientes de cremes e tratamentos. Aliás, as enzimas também são encontradas nesses cosméticos de uso caseiro. “As fórmulas que as contêm aceleram o processo natural de regeneração, desenrolado por enzimas já existentes no tecido cutâneo”, diz Tom Mammone, diretor executivo de pesquisa e desenvolvimento global da Clinique. Segundo ele, atualmente, os cremes incluem enzimas que podem ser usadas por todos os tipos de pele, mas, no futuro, como a beleza tende a ser mais personalizada, é provável que os laboratórios desenvolvam substâncias específicas para cada um.

Atualmente, há dois tipos de cremes: aqueles que atuam na pele através da ação de enzimas presentes em sua formulação e aqueles que contêm agentes específicos para agir nas enzimas já existentes na pele. Ao lado, você encontra algumas sugestões nessas duas categorias.

PRODUTOS COM ENZIMAS NA FORMULAÇÃO:

1. Açaí Damage-Correcting Moisturizer, Kiehl’s, R$ 195. Com suco de aloe vera, que é composto de proteínas, aminoácidos e enzimas com o poder de acalmar e reparar a pele.

2. Youth Surge SPF 15 Age Decelerating Moisturizer, Clinique, R$ 260. Hidratante anti-idade formulado com Sirtuína, enzima capaz de deixar a pele com mais colágeno e elastina.

3. DG-DNA Repair Complex, Dermage, R$ 148. Contém a enzima UV-endonuclease, que acelera a recuperação natural da pele pelos danos solares.

Produtos que atuam nas enzimas naturais da pele:

4. Anticelulite Lift Minceur Haute Definition, Clarins, R$ 238. Estimula a enzima de HSL, que libera a gordura acumulada dos lugares mais difíceis. Assim, o produto consegue modelar as áreas problemáticas e reduzir a celulite.

5. WrinkleResist24, Shiseido, R$ 337. O extrato de mukurossi neutraliza a atividade da enzima Heparanase, uma das principais responsáveis pela formação de rugas e pelo aumento do envelhecimento da pele.

6. Retexturing Activator, Skinceuticals, R$ 185. Estimula as enzimas que atuam na superfície da pele. Como resultado, a renovação celular é acelerada, deixando o rosto com aparência saudável e uniforme.

7. Liftactiv Retinol HA, Vichy, R$ 131. Inibe a atividade da Hialuronidase, a enzima responsável pela degradação do ácido hialurônico. Esse ácido é naturalmente encontrado na pele e tem como função preservar o aspecto jovem e saudável do rosto.


Por Fernanda Allegretti. Foto: Michael Thompson (JedRoot). Foto Still: Thomas Kemer/Produção: Gabriella Cartaxo

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