sábado, 2 de abril de 2011

Marie Claire - Marcando gerações...

A colegial Marie-Claire na época em seu nome que foi
foi escolhido para a publicação. Na década de 1930.

Para a pergunta “existe uma Marie Claire de verdade?” a resposta é “sim”. A revista que chega às bancas todos os meses tomou o nome emprestado de uma mulher de carne e osso, Marie-Claire Mendès France. Jornalista e ativista política, batalhou pelos direitos humanos – principalmente os das mulheres – até sua morte, em 2004. Aos 75 anos, conseguiu barrar a execução da jovem filipina Sarah Balabagan, condenada à morte nos Emirados Árabes Unidos por apunhalar seu chefe numa tentativa de estupro. “A pena de morte é o maior dos horrores”, era sua convicção.
A francesa casou-se duas vezes, na segundo com o grande amor de sua vida
A FRANCESA CASOU-SE DUAS VEZES, NA SEGUNDA COM O GRANDE AMOR DE SUA VIDA
A grande ironia na história é que foi o acaso, e não seus ideais, que a tornaram a inspiração para a revista. Em 1936, o industrial Jean Prouvost preparava o lançamento de uma nova publicação dedicada às mulheres e buscava um bom nome. Um dia, na casa da editora Madeleine de Montgomery para falar sobre o assunto, foi interrompido pelo telefonema que a governanta anunciava. ‘Marie Claire?’, perguntou Prouvost antes de concluir que aquele era o nome “simples, jovem e bem francês” que ele buscava. Em 5 de março de 1937 ,  o primeiro exemplar foi lançado.
Filha e neta de figuras públicas, Marie-Claire estava fadada ao protagonismo. O pai, Robert Servan-Schreiber, fundou dois grandes jornais franceses enquanto a mãe, Suzanne Cremieux, foi vice-presidente do partido Radical e, depois que as mulheres puderam se eleger, se tornou senadora. Um dia normal na vida da jovem Marie-Claire incluía ajudar a mãe a organizar uma reunião com Albert Einstein para falar da perseguição dos nazistas aos judeus na década de 1930.
Ativista de direitos humanos, a jovem era filha de umas das primeiras senadoras da França e de um empresário de jornais
Ativista de direitos humanos, a jovem era filha de uma das primeiras senadoras
da frança e de um empres´rio dono de jornais importantes.
Marie-Claire se casou duas vezes, na segunda com o grande amor de sua vida, Pierre Mendès France ,  um político importante nos diálogos entre árabes e judeus no Oriente Médio que chegou a ser primeiro-ministro da França. O novo sobrenome de peso deu forças ao seu ativismo. No caso da jovem filipina, ela levantou assinaturas e se encontrou com o Sheik Abdallah, o que resultou na reversão da pena para 100 chibatadas e um ano na prisão. Em uma visita a Sarah, Marie-Claire foi provocada por um dos agentes presidiários, que achava a pena muito leve. “Você quer provar?”. Destemida, a setuagenária disse que sim. Mais tarde, ela lembrou ter sentido mais humilhação que dor durante com a violência. Apaixonada pelo marido, ela continuou a levantar suas bandeiras até depois de sua morte, guiada pelos ideiais de justiça, liberdade e verdade, “tudo o que eu admirava em Pierre”, diz.
Ao lado do marido Pierre Mendes France, logo após ele deixar
o cargo de Primeiro-Ministro.
Por Letícia Gonzales
Fotos: Arquivo Marie Claire Internacional

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