sábado, 6 de agosto de 2011

"Tritão e Eros"

Tela de Ross Watson


Acordei...
Estava flutuando e com o rosto colado no teto
Podia sentir o cheiro da madeira envernizada.
Pairava numa piscina onde não havia água.
Etéreo...
Tinha ondas de cores
E vinha som de algum lugar
Estava em minha mente
Queimava...
Sentia meu peito agitado
Coração pulsando fortemente
Lábios dormentes
Saliva na boca... Boca seca...
Cadê teu rosto
Afundo lentamente.
Vou me distanciando do teto
Fecho meus olhos
E ao abri-los
Tudo que vejo é um misto de azul cobalto e ultramarino.
Procuro pontos brancos.
Procuro seus vestígios,
Resquícios de uma passagem...
Agora sinto meus braços,
Posso move-los, 
Posso nadar,
Posso começar minha busca.
Um tritão em ação,
Deixo-me guiar pelo que sinto.
Tem algo de diferente
Nada sei
Apenas sinto.
Nada é certo.
Ou quase nada,
Pois sinto que devo continuar.
Profundo azul
Uma tela de Van Gogh ainda fresca.
Torpe...
Adormeço.

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